segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DM:1968 - Reações ao regime/ Aumento da violência



Em julho ocorreu a primeira greve do governo militar, em Osasco. A linha dura, representada
entre outros pelo general-de-exército Aurélio de Lira Tavares, Ministro do Exército, e pelo generalde-exército Emílio Garrastazu Médici, chefe do SNI, começou a exigir medidas mais repressivas e
combate às ideias consideradas subversivas.


A repressão aos estudantes de tendências esquerdistas nas universidades se intensificou e
em 30 de agosto a Universidade Federal de Minas foi fechada e a Universidade de Brasília invadida
pela polícia. O AI-5 se transformou num instrumento para o aumento da violência, por parte da
"guerra irregular" deflagrada pela resistência à ditadura, que realizavam sequestros, torturas, roubos,
homicídios e os chamados "justiçamentos", julgamento sumário e execução de supostos delatores ou
traidores das organizações guerrilheiras. Foram presos jornalistas e políticos que haviam se
manifestado contra a ditadura, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e ex-governador
Carlos Lacerda, além de deputados estaduais e federais do MDB e mesmo da ARENA. Lacerda foi
preso e conduzido ao Regimento Marechal Caetano de  Farias, da Polícia Militar do Estado da
Guanabara, sendo libertado por estar com a saúde debilitada, após uma semana fazendo greve de
fome.
No dia 30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de políticos cassados: 11 deputados
federais, entre os quais o comunista Márcio Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos
suspensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou em rede de rádio e TV, afirmando que o
AI-5 havia sido não a melhor, mas a única solução e que havia salvado a democracia e estabelecido a
volta às origens do regime. Em 16 de janeiro de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cassados com 35
deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri Constant Bevilacqua. O Poder Judiciário passou a
sofrer intervenções do Poder Executivo quando de seus julgamentos.
A esquerda alega ter iniciado as guerrilhas como reação ao AI-5 porém 19 brasileiros, já
haviam sido mortos por guerrilheiros antes de baixado o AI-5, entre eles o Soldado Mário Kozel Filho
morto em junho de 1968 e os mortos do Atentado do Aeroporto dos Guararapes em 1966. Assim que
terminaram os atentados em 1974, iniciou-se a abertura política promovida pelo presidente Geisel. É
provável então que a esquerda tenha iniciado a violência em resposta à falta de democracia do
regime militar brasieliro que deu um golpe militar no presidente eleito em 1964.
As famílias dos presos, mortos e desaparecidos no período, que foram identificados, foram
indenizadas pelo governo brasileiro a partir da década de 1990. De acordo com o livro “Direito à
memória e à verdade”, publicado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo Lula, 475
pessoas morreram ou desapareceram por motivos políticos naquele período. As indenizações somam
mais de R$ 4 bilhões. O processo indenizatório é alvo de críticas, como a de que seria injusto por
considerar a renda perdida e não o dano causado pelo Estado que indenizaria pessoas que não fariam
juz ao benefício.
Cerca de 119 pessoas foram mortas por guerrilheiros de esquerda no mesmo período.
Algumas vítimas dos guerrilheiros também foram indenizados. A família do soldado Mário Kozel Filho
foi indenizada com pensão mensal de 1.150 reais. Kozel Filho teve seu corpo dilacerado num
atentado assumido pelo grupo do guerrilheiro Carlos Lamarca. Orlando Lovecchio, que perdeu a
perna em explosão planejada por guerrilheiros de esquerda, recebe uma pensão vitalícia de R$571.

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