segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DM: Direitos humanos sob a ditadura militar brasileira




Foi o mais violento e cruel movimento político da história brasileira, que prendeu, torturou, executou, exilou, cassou parlamentares, juizes, professores – em suma, atacou sem contemplação tudo o que lhe parecesse representar democracia e movimento popular no Brasil. Teve o apoio e sua promoção feitos pela grande mídia – com exceção da Última Hora, que pagou seu preço com sua extinção – que passou a idéia – tão cara às manipulações da guerra fria – de que o país se encontrava à beira de se tornar um regime comunista no estilo daqueles do leste europeu e que apenas uma intervenção militar apoiada por Washington poderia salvar-nos da ditadura e da perda das liberdades. Em nome desse discurso instalou-se uma brutal ditadura militar, que liquidou a democracia e a liberdade individual e coletiva, os direitos sociais, econômicos e políticos, justamente para preservar a propriedade privada dos grandes capitais, da grande mídia, das escolas privadas, etc. ,etc. Ficou patente como, mais uma vez, o liberalismo na história brasileira era manipulado por ideologias ditatoriais para obter seus fins e docilmente se acomodava a elas. A alta oficialidade das FFAA se tornou a equipe dirigente do regime, associada a economistas e juristas universitários que se prestavam a servir a esse projeto antidemocrático e antinacional. Os militares, que haviam inaugurado esse ciclo brutal na Argentina, com a queda de Perón, haviam sido chamados, com razão, de "gorilas", e aqui foram rebatizados por um deles, em um acesso de sinceridade, como "vacas fardadas", prestando-se a servir aos interesses do grande capital privado nacional e internacional, massacrando o povo, a democracia e as instituições republicanas.
Alguns chegaram a prever que a perda da democracia levaria o Brasil para o retrocesso econômico, até mesmo a voltar a ser um país agrário. Não demorou muito para que ficasse evidente que, ao contrário, o capitalismo brasileiro se expandiria mais com ditadura do que com democracia. Porque o fortalecimento dos movimentos sociais e forças políticas populares, ao democratizar o acesso ao consumo e a extensão dos direitos sociais e políticos, se chocava com um processo de acumulação de capital com vocação elitista, especialmente desde que a instalação da indústria automobilística estrangeira havia se instalado no país, uma década antes do golpe militar.
Além disso, a ditadura militar promoveu a criminosa degradação dos serviços públicos, particularmente os de educação e saúde. A escola pública, até ali, era um espaço de presença comum e de aliança da classe média e das classes pobres. A partir dessa degradação, a classe média se bandeou, com enorme esforço, para a educação particular, deixando a escola pública – que continua a abrigar a 90% das nossas crianças e jovens – como um tema de pobre, sem repercussão na opinião pública e na mídia, preocupadas com a elevação das mensalidades das escolas particulares e não com a qualidade do ensino público. Foi cometido um crime do ponto de vista social, dos interesses públicos e dos projetos nacionais, sob a égide da construção de um "Brasil grande", entendido como uma nação subimperialista, exportadora e expansionista, mas miserável internamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário